quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer morre aos 104 anos

Faleceu na noite de ontem, aos 104 anos, o famoso arquiteto Oscar Niemeyer. Já faziam alguns meses entre indas e vindas do hospital. Faleceu quase lúcido.
Meu vô (Amaro Paes) trabalhou com o Dr. Oscar (como o chamamos aqui em casa) por mais de 55 anos, meu tio (Carlos Eduardo) ainda era seu motorista e ajudante no escritório. Nos últimos tempos ele já confundia o pai com o filho.
Cresci cercada por histórias da minha vó, (Alivina) que foi sua cozinheira, sobre a época da construção de Brasília, das pessoas ilustres que ela conhecera na casa do Dr. Oscar (como Jucelino Kubichek), dos seus pratos preferidos e de suas amantes. Quando minha mãe casou, como presente de casamento, Dr. Oscar mandou vender um de seus carros e dar o dinheiro para ajudar nas despesas, porém como nem todos são honestos só chegou uma parte do dinheiro... Dr. Oscar ajudou na construção da casa do meu Vô no morro do Vidigal no Rio de Janeiro, ele mesmo desenhou a planta mas como vô Amaro não era muito apegado a certas coisas acabou emprestando para algum vizinho e nunca mais a vimos.
Hoje, a morte do Dr. Oscar me traz tantas lembranças, tantas saudades...
Meu Vô faleceu em 2009 e não posso deixar de ser agradecida a ele e a toda a família Niemeyer por toda a assistência e solidariedade prestada a minha família.
Quando eu era pequena só entendia que meu Vô era motorista de gente famosa, porém, não entendia que esse famoso tinha uma importância enorme para a cidade que eu morava.
No final de 2008 tive a oportunidade de conhecer o famoso Oscar Niemeyer. Houve no museu nacional a inauguração da revista Nosso Caminho, uma revista de arquitetura, e ele veio autografar. Com as mãos tentando firmar o papel sem desgrudar o pincel escreveu um arrastado Oscar.  Nos poucos minutos que pude falar com ele me identifiquei, falei que era neta do Amaro. Ele me olhou meio estranho pois meu avô era negro, meio sem entender, e alguém que estava na mesa perguntou: "Ué, mas você é filha do Eduardo?" Expliquei quem era minha mãe e com a voz muito baixa e rouca ele falou algumas coisas que não entendi e sua esposa, Vera, fez questão de repetir: "Neta do Amaro?! Amaro é meu irmão!"
Não tenho palavras para descrever como meu Vô admirava seu patrão, o "Chapinha".
Mas nem tudo são flores: a carteira de trabalho do meu vô só foi assinada quando minha mãe, já adulta, entrou para a Aeronáutica e foi atrás dos direitos que pertenciam a meu vô.
Hoje passou no Jornal da Globo um vídeo falando sobre a sua trajetória e quando me dou conta começam a aparecer cenas do meu Vô entrando em casa, daquele jeito pacato e manso, de passos curtos com o gumex no cabelo. Ele aparece no minuto 5:25 da reportagem: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/videos/t/edicoes/v/morre-oscar-niemeyer-aos-104-anos-no-rio-de-janeiro/2279057/

Aqui em casa não temos videos do meu vô então imaginem a nossa emoção quando vimos essa reportagem! Agradecemos a lembrança.
Espero que o Dr. Oscar descanse em paz. Obrigado pelas memórias e lembranças que me trouxe do meu querido Vô Amaro!


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